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Samplers, colagens, loops de beats e muito talento: Entrevistamos Tha_Guts!
abril 09, 2019Lu
Tha_Guts é um projeto de música eletrônica experimental criado pelo artista gaúcho Guto Pereira, produtor musical, audiovisual e multi-instrumentista. Sua fixação pelas narrações sonoras como um meio de encontrar histórias na mistura e no choque entre camadas, deu origem aos seus primeiros registros. Musicalmente, sua sonoridade tem como principais características colagens, samplers e loops de beats orgânicos e eletrônicos, focando, principalmente, em criar narrativas abstratas com base em diferentes perspectivas sonoras.
Tivemos a oportunidade de trocar uma idéia e conhecer um pouco mais sobre a carreira deste talentoso artista, e além de uma entrevista, temos um Live Act exclusivos para o Portal.
Como foi o seu primeiro contato com a música eletrônica?
Desde a adolescência eu me interessei por gravar o que estava reproduzindo. Nessa época, eu entrei em contato com a música new wave dos anos 80’s, e percebi essa singularidade no processo de composição, sintetizadores, drums machines e outros equipamentos eletrônicos, estavam muito além dos processos orgânicos. Quando me dei conta, posteriormente esse sentimento evolui para o que se tornou a linguagem do meu trabalho.
Fale um pouco sobre como foi o início da sua carreira, incluindo os aspectos: O que te levou a querer ser DJ/produzir?
No final de 2017 existia basicamente um esqueleto de composições que viriam a se tornar o meu primeiro álbum, Plastic Noise. Eu havia coletado essas composições ao longo dos 3 anos anteriores e, uma vez que isso já existia, foi um processo natural pensar em tornar a existência do projeto algo real. A ideia que me levou a querer ser DJ/produtor, foi que, pela primeira vez, eu consegui me expressar de uma maneira mais honesta e verdadeira através do que eu estava criando.
Qual é o estilo musical que você mais escuta por prazer?
Eu particularmente gosto muito da estética lo-fi, seja house ou hip-hop, tudo pra mim soa agradável dentro nesse formato, é isso o que eu mais tenho ouvido no momento, sem estar diretamente ligado às minhas produções.
Qual foi o melhor momento da sua carreira? Por que?
Apesar do meu tempo enquanto Tha_guts ser breve, existem 2 momentos que eu entendo como bem importantes até agora: o primeiro é o contato e colaboração com a agência de management Beats N' Lights, que hoje é responsável pelo acompanhamento do meu trabalho, através do Alan Medeiros (diretor da agência e fundador da Alataj) que bem no início, logo após o lançamento do meu primeiro álbum, havia se interessado no projeto; e o segundo momento foi o lançamento do EP Mirror pela label Gop Tun, que amplificou o Tha_guts dentro do cenário da música eletrônica nacional, alcançando um público que antes não tinha tido contato com o projeto.
Sobre seus ídolos e inspirações: Você se espelha em algum DJ/ produtor? As tracks que você já produziu, quais são as suas inspirações?
Me chama demais a atenção as produções que quebram o padrão mais engessado da música eletrônica, então acabo acompanhando e tendo como referência o trabalho de produtores como Nicolas Jaar, Kieran Hebden (Four Tet), Yaeji, Channel Tres, que percebo estarem sempre procurando uma linguagem nova de se comunicar com o público. Nas minhas composições, muito do processo é acidental e ocorre espontaneamente; geralmente ocorre muita experimentação, com resultado inicial mais bruto, e depois lapidado em sua forma final.
Quando/como você começou a produzir, e quais foram as maiores dificuldades?
Como eu citei antes, desde adolescente eu vinha criando e gravando, porém em um formato mais tradicional que não necessariamente música eletrônica. Após me identificar com a música eletrônica como meio de comunicação das minhas produções, a maior dificuldade tem sido a tradução das minhas criações em músicas com potencial de pista, que não soem genéricas e sejam fiéis às minhas características enquanto produtor. No live act acaba sendo a mesma questão, ter um forte impacto na pista tentando se manter autêntico a minha estética sonora.
Quais suas tracks que você recebeu suporte de artistas que admira? Como você se sentiu quando descobriu que suas tracks haviam sido tocadas por eles?
Depois do lançamento do EP Mirror pela Gop Tun, foi incrível perceber o número de DJs que estavam utilizando as minhas tracks para compor os seus sets, os quais alguns eu já acompanhava o trabalho e outros eu tive oportunidade de conhecer depois disso, como a Ana Flávia, JP, Caio T, NRIQ, Fritzzo, Érica, entre outros. Também foi importante o feedback de outros produtores, como no caso do Renan Schimith, do projeto Hot Soft e criador da Disconexo (POA). Esse contato humano tanto com DJ's como produtores é sempre um fator que enaltece o sentido do trabalho e torna tudo real.
Quais são suas projeções para o futuro, lançamentos, selos?
Esse ano existem inúmeros projetos em andamento, tanto de tracks fechadas com determinado selo com data de lançamento, como algumas no momento em produção planejadas a médio/longo prazo. A curto prazo vai sair o clipe da track Mirror nas próximas semanas, um EP de remix meu com outros produtores ainda esse mês e um EP fechado com a Goma Rec de POA, com plano de lançamento para julho. Esse ano deve ser intenso nos lançamentos.
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