DJs Doriva Rozek

Em entrevista, Doriva Rozek fala sobre sua história, ligação com a música e visão sobre o underground

março 02, 2016portalundergroundbrasil@gmail.com


Entrevistamos Doriva Rozek, residente do Terraza que, dia 12 de março, aterrisa no Rio Grande do Sul para se apresentar na Levels Sunset. Ele nos contou um pouco sobre a sua história, sua ligação com a música e sua visão sobre a cena underground.

Confira a entrevista curtindo o seu set lançado mais recentemente,



Conta pra nós quando começou tua história com a música? E um pouco da tua trajetória até o momento.

Eu sou DJ desde 2007, eu me interessei por música eletrônica um pouco antes disso. Com 18 anos eu já tocava em clubes, já tinha GIGs e ganhava meu próprio dinheiro com música. Já toquei em praticamente todos os clubes aqui do Sul e alguns clubes de São Paulo. Mas para chegar no lugar que eu cheguei hoje, eu tive que correr muito, dificilmente eu abandonei o que eu realmente gosto na parte musical, então meu orgulho sempre foi ter feito o que eu realmente acredito e amo, acreditar naquilo que você faz acho que é essencial, para qualquer coisa que você faça na vida. 

Conheci o Renato Ratier numa Biônica que rolou no Beco da Independência, em Porto Alegre, ele foi praticamente um dos caras que mais me incentivou desde então. Em 2011, a convite dele e do China, entrei para o D-Edge Agency, que hoje é D.Agency e é minha agência até os dias de hoje. Sou residente do Terraza, aqui em Floripa, Clube que sou apaixonado tanto pelo público, quanto pelas experiências que já tive, pelos DJs que já vi e pude ter contato mais próximo, e ainda poder aprimorar toda a ideia que sempre acreditei. 

Como você constrói seus sets? Sai na hora, no feeling da pista ou já imagina que linha vai traçar?

Não existe necessariamente uma construção, eu sigo basicamente o que eu estou afim de ouvir e o que possivelmente as pessoas vão dançar, mas claro que sempre existe uma estudada na pista, mas isso tudo é de momento. Depois que eu me mudei de Porto Alegre em 2010, voltei poucas vezes para tocar aí, então é bem difícil imaginar como está a cabeça das pessoas que estão nas pistas da capital agora e isso serve para a maioria dos lugares onde eu não conheço bem o dance floor. 

O que sempre nos chama a atenção no seu trabalho é sua pesquisa apurada, como você busca tanta coisa boa na correria das gigs por aí?

Então minha pesquisa para a Levels está bem abrangente, mas normalmente eu consigo sempre me surpreender, tocar aquilo que você não espera e ter uma resposta ainda melhor é isso que no fim das contas faz tudo valer a pena. Sobre pesquisa, isso vira hábito. Não pesquiso somente coisas novas, mas também bastante coisas antigas, criei essa rotina de tirar sempre 5 horas do meu dia para pesquisar, que é a base fundamental para qualquer DJ. Já pude ver muita coisa ao vivo, o que ajuda na hora de filtrar, se for ouvir tudo o que sai, pode passar horas e ouvir muita coisa que não me agrada. 

Qual é o seu DJ preferido? Por que? E suas inspirações? Há alguém que você gostaria de tocar junto?

São alguns, Ricardo Villalobos, galera da arpiar (Rhadoo, Raresh e Pedro), Ion Ludwig e mais um monte. Dessa lista eu consegui dividir cabine com dois, Pedro e Ion, ambos no Terraza. Eles tem uma maneira diferente de apresentar o que eles fazem, tanto o Ion que fez intensas três horas de live, quanto o Petre que tem um talento singular, fazendo um dos sets mais hipnóticos que eu já tive a oportunidade de ver. O Ricardo pela personalidade que ele é, se eu for escrever tudo o que ele fez pela minha forma de ver música eletrônica vou longe. Mas resumidamente, é a maneira, energia e postura que eles têm e apresentam a música que mais inspira, o que é tocado é complemento do que eles são, vivem e criam para o universo da música. Assim que eu os vejo. 

Qual é a sua visão sobre o crescimento da cena underground no Sul do Brasil?

Gradativamente está melhorando, pelo menos aqui em Floripa onde eu vivo. Surgiram núcleos novos nos últimos anos principalmente aqui em SC, Detroitbr, WAN, Embed mais recentemente, isso ajuda bastante a fomentar público, os clubes estão apostando em um som mais inovador aos poucos, mas sempre naquela, remando contra um oceano que vem contra. Mas o underground nunca foi grande e nunca será, é para um pequeno grupo seleto de pessoas. 

Sempre converso com amigos aqui e tenho a opinião formada que não são todos que ouvem música da mesma maneira, não tem a mesma compreensão nem os mesmos gostos, isso vem da sua educação em um formato geral desde a infância. Então o que resta é captar aqueles que gostam da sua ideia e vão formar o público que vai ouvir o seu som e ao mesmo tempo compreender. Vale a pena lembrar que quando sabemos de algo pela internet ele já deixou de ser "underground", essa palavra não soa bem para o que fazemos aqui, trabalhamos em um mercado, pincelando mais qualidade em alguns pontos, cada um com a sua identidade e buscando sempre aqueles que vão se identificar.

Qual é a mensagem que você tenta passar para a pista na hora que está tocando?

Já fizeram essa pergunta para mim algumas vezes, sinceramente não sei responder. Eu tento sempre surpreender, até a mim mesmo, tocando coisas que eu não tocaria em nenhum lugar. Tocar aquilo que mais acredito, acho lindo e moderno, no fim poder passar alguma experiência. Foi o que busquei e aprendi vendo meus ídolos ao vivo. 

E quais as perspectivas do 2016?

Tenho bastante trabalho. Aqui como residente do Terraza, poder dar mais experiências sonoras legais para o público de Florianópolis, ao mesmo tempo que podemos receber artistas internacionais e poder absorver o máximo que posso deles. Poder me dedicar mais tempo para produção musical, que é um dos principais focos que quero ter nesse ano. Poder amadurecer mais, levar sempre adiante o que eu amo e acredito.

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