Cris D Curiosidades

Papo Criativo: Bastidores da musica eletrônica.

agosto 26, 2019portalundergroundbrasil@gmail.com


Papo Criativo por Cris d.

Que o papel do DJ é importante para festivais, gigs e entre outras diversas manifestações artísticas na musica eletrônica todo mundo sabe, mas será ele a única pessoa envolvida em um evento? O envolvimento de inúmeros artistas na noite abre um leque imenso de criatividade e responsabilidades para que tudo de certo. Nessa edição do papo criativo divido em 2 partes, convidamos alguns artistas para falar sobre seu trabalho e qual o papel da musica em suas carreiras.

Juliano Conci – Fotógrafo

Não sei bem ao certo quando a fotografia profissional começou na minha vida, já que por mais estranho que pareça, nunca sonhei em ser o fotógrafo, simplesmente foi acontecendo. Nestes vários anos de trabalho fiz de tudo um pouco, eventos do Funk ao Heavy Metal, tive um um estúdio..., mas sempre com o amor e preferência pelas festas de música eletrônica.

Lembro que a primeira oportunidade de ter fotos publicadas foi em uma Reunion, dali em diante foquei em aprender e investi no segmento. No começo fui atrás dos caras que considerava referência e quando possível “alugava” eles com perguntas, chato mesmo (risos).
Comecei a frequentar festas cedo, certamente a paixão pela música nasceu comigo. Desde que atingi a maioridade fui para todo tipo de festa, passando por um período em raves e todo aquele dale psy-trance (risos), tinha curiosidade e fui à outras cidades e estados ver como eram suas cenas, seus públicos, festivais e clubes. A curiosidade levava a buscar novas sonoridades e assim o gosto foi mudando.

Sempre busquei e tive preferência por fotos mais artísticas e não apenas registros estáticos (fotos pousadinhas), acredito que criar uma identidade visual é o mais importante para um bom fotógrafo e assim fui sempre buscando capturar a emoção de um certo momento nas imagens. O mais legal em fotografar as festas é justamente o maior obstáculo, você nunca sabe muito bem o que vem pela frente, cada evento é uma nova experiência, de luz, som, vibe, público… todos elementos presentes interferem no resultado do seu trabalho.

Tenho a imensa alegria e gratidão de ao longo desses anos ter a oportunidade de fotografar grandes festas no Rio Grande do Sul, onde admiro todos meus contratantes, que em alguns casos, são meus melhores amigos. Hoje faço fixo Levels, Cultive, Colours e River Club.

Mas nem tudo é alegria como parece, já que o trabalho é predominantemente aos finais de semana é comum ficar longe de quase todos programas de família e amigos, o que acaba por me distanciar deles, dormir pouco, passar horas na estrada, até mesmo ser intimidado por pessoas que não entendem seu trabalho. Porém, todo esforço compensa vendo a alegria nos registros.

Em toda minha vida e principalmente no meu trabalho a música exerce grande influência, dependo dela para fazer boas fotos e sempre edito ouvindo um som. Me emociono muito nas festas quando rola uma música “foda”, chegando a lacrimejar diversas vezes.

A música e toda a cultura que a envolve de fato conecta as pessoas, mostra que todos somos iguais e podemos conviver em harmonia. Graças a ela que fiz grandes amigos, me aproximei de pessoas incríveis e encontrei a paixão pela minha profissão.

Fabi Oliveira – Promoter

Sou frequentadora da cena eletrônica desde meados de 2012, mas foi em 2015 que iniciei minha trajetória como promoter no projeto Wave Music que rolava em Ijuí. Foram 2 anos de um intenso trabalho no qual revelou minha verdadeira vocação, em 2016 após conhecer a Beehive Club recebi o convite para fazer parte da equipe e no inicio de 2017 após trancar o curso que cursava a 6 anos, me mudei para Passo Fundo e aqui estou desde então. Agora passados 2 anos dentro do clube, além de promoter, sou hostess e mais recentemente recebi a honra de ter um projeto na pista Hija, Jacking, todo voltado para a House Music.

Minha relação com música eletrônica é intima e intensa, nela me encontrei e encontrei meu lugar. São anos da minha vida já dedicada a ela e não me imagino mais fazendo outra coisa, ela teve o poder de mudar e salvar minha vida, e graças a isso peguei como missão disseminar esse amor á música e a cultura clubber.

Jo Fernandes – Performer/produtora cultural

Perversie é um espaço performático de livre expressão artística que abriga muitas formas do manifestar-se. O objetivo do nosso coletivo é criar um ambiente de valorização da arte e dos artistas, oferecendo ao público uma experiência tão metamórfica e efêmera quanto o espaço em si. Perverter é o foco. Como o bater asas de uma borboleta pode desencadear um tufão em outro continente, podemos ser o gatilho da transformação de uma percepção de mundo estática e vertical para outra mais crítica, horizontal e sensível ao espaço e quem o ocupa.

Acredito que uma das características mais potentes da Perversie seja a ocupação de lugares esquecidos ou abandonados pela cidade. Isso nos faz trabalhar a partir das possibilidades possíveis, nos dando ainda mais espaço para sermos criativos. São muitas as ocupações, desde Espaços Públicos à Teatros, a Perversie está em constante movimento. Pontualmente, passar no Edital de incentivo à artistas e produtores culturais independentes foi um grande momento para a gente! É a primeira vez que um projeto voltado principalmente à Música Eletrônica ganha recursos públicos para a sua realização. Com esse edital, vamos poder organizar três eventos gratuitos, em Espaços Públicos não centrais e dialogando diretamente com os artistas, produtores e moradores dessas regiões.

O campo da Música Eletrônica é muito vasto e cada dia abriga novas formas de expressão, essa sua característica tem nos permitido explorar cada vez mais novas ideias e conceitos de performance e ambientação. Como o eixo de uma roda, foram os envolvimentos pessoais da gente com a Música Eletrônica que fez a Perversie acontecer. Aqui a e-Music também vira espaço - em movimento, oportunidade, criação, acolhimento e afetos.

Márcio Bitencourt – sonorização

Sou mais conhecido como “Tio do Som” ou “Marciano”, proprietário da Sul Áudio Sound System, com sede em Santa Maria –RS. Trabalho no ramo de sonorização a mais de 16 anos. Comecei por acaso a colocar som em festas eletrônicas em meados de 2015 e, a primeira festa foi no salão de uma igreja chamada The Church desde estão, já foram mais de 300 festas de bagagem, em vários locais diferentes que se possa imaginar, no meio do barro até beira-mar. Iniciei no psytrance e logo em seguida veio a demanda por festas de low bpm.

Minha responsabilidade é do início ao fim das festas, sou responsável tanto com a parte de sound system quanto da infraestrutura de iluminação, cada festa parece ser a primeira pois dá aquele “frio na barriga” e o nervosismo. Não tem realização maior que ver aquela galera no front sintonizada na mesma energia do DJ, e ver meu sistema de som ali falando na mesma sintonia.

Durante este período tivemos muitos desafios, principalmente o que se refere aos sistemas de som. Tive um trabalho árduo de muitos meses até acertar componentes que aguentassem aquele puntch dos DJs durante horas ou até mesmo dias de festas.

Considero a música eletrônica importante na minha vida porque me deixou mais apaixonado pelo meu trabalho. Fiz muitos amigos dentro da cena eletrônica, amizades sinceras e verdadeiras, amigos até que em algum momento ajudaram a carregar o som ou até mesmo pegaram carona de Kombi no final da festa.

Durante a semana, enquanto os produtores focam na organização do evento, o meu trabalho é planejar a logística de montagem e desmontagem do equipamento, já que muitas delas são em locais inusitados ou de difícil acesso. Começamos normalmente na terça-feira revisando cabos e os equipamentos. Tenho o cuidado de deixar tudo funcionando corretamente para o dia da festa. Sou o primeiro a chegar no local e o último a sair

Esse ano teve uma edição da Infusion, lá no Estação Olympia, que me marcou bastante. Foram muitos dias de trabalho e tinha um mar de gente na festa. Lembro que eu quase não dormi de preocupação durante a semana. Fiquei preocupado da primeira até a última track, e foi uma sonzeira!

E enfim, os trabalhos só terminam lá por segunda-feira, quando recolhemos o som e começamos a planejar tudo de novo para o próximo final de semana. São, em média, seis eventos por mês e muitos km de Kombi rodados.


Cris d. tem como principal característica a criatividade. Ele como um verdadeiro nerd é ligado em
quadrinhos e aficcionado por filmes e series. E com isso torna sua inspiração unir música com suas
referências fora da pista e através delas acaba criando suas músicas. Por meio de laptops, synths, e
controladoras MIDIs passa tudo isso em forma de som para as pistas.
Um de suas produções, “Fox” bateu top 1 em vendas de releases na categoria deephouse no Beatport em 2018.
Atualmente é DJ residente do Muinho Farroupilha e da festa Minimo (Santa Maria) e promove a label Beat On Me que vem se destacando cada vez mais no cenário da serra gaúcha.



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