1601 Casas/Labels

1601: do 16º andar para o coração da cena eletrônica gaúcha

abril 14, 2016portalundergroundbrasil@gmail.com


De um apartamento no 16º andar que teve seu uso restrito para festas devido à um processo judicial à ver a label assinando o Terraço da Save muita coisa rolou dentro do núcleo gaúcho 1601, e Marcos Martinelli nos leva à fundo dentro da história desta label que está, cada dia mais, conquistando o seu espaço dentro da cena eletrônica underground. Confira a entrevista:

Como surgiu a ideia do 1601?

Pra entender como surgiu o 1601, primeiro precisamos deixar claro que esse nome provém do número de um apartamento no 16º andar de um prédio localizado no bairro Menino Deus em Porto Alegre. Aí já fica mais fácil de compreender.

Não sabemos dizer exatamente quando tudo começou, mas um grupo de 10 amigos se reunia semanalmente neste apartamento para fazer o que chamávamos de “culto a boa música” – depois virou 16 boiler 1. “Amigos em casa.” Tanta coisa se criou ali naquele ambiente que, a partir do momento em que os condôminos não conseguiram mais conviver com o volume elevado do som e decidiram acabar com a música através de um processo judicial, tivemos que achar uma maneira de recriar aqueles momentos e o que passamos no 1601 para mais pessoas. Era hora de ir adiante e isso se materializou em dezembro de 2015 através da nossa primeira ação no Relicário Pub – mesmo que ainda um pouco disconexo com a exata vibe do 1601, o Relicário resistiu e quem compareceu sabe que foi uma baita festa, regada a boa música e com a participação das figuras mais ilustres.

Foi uma ótima estreia!



Quem são as pessoas por trás do projeto?

A partir do momento em que se decide produzir um evento, mais do que isso, um movimento, é longo o caminho até que os processos de produção sejam profissionalizados e assumidos com totalidade por uma única figura.

Desde nossa primeira ação, em dezembro de 2015, muitos já colaboraram e ainda colaboram pra que o movimento continue acontecendo. Além disso, é muito delicado resumir o 1601, que se originou de um largo grupo de amigos, a poucos nomes. Ainda mais com toda a galera que a cada festa entra pra linha de frente e soma este grupo. 

Alguns mais focados em estar presentes na cena, outros em processos exteriores ao relacionamento, algumas pessoas desse largo grupo tomaram a dianteira e hoje dão andamento a produção de eventos, comunicação, curadoria musical, entre outros processos necessários para que o movimento continue a acontecer. Mas mais do que lideranças, vemos o 1601 como um movimento orgânico que vai se construindo baseado naquilo que cada um pode agregar a ele hoje.

Ainda assim, temos um time de DJs que compõe os residentes do projeto. Contamos com um time forte de DJs residentes do projeto: Frederico Greco, formado na AIMEC em 2014 e residente do projeto Set Lust em Porto Alegre, irá tocar agora no terraço da SAVE CLUB, Lorenzo Goldman, formado na AIMEC em 2011 e ex-aluno da premiada Point Blank Music College, passou recentemente pelo palco Cyclus Club, assinado pelo Superafter D-EDGE e Pedro Saigh, atualmente em curso como produtor musical pela Point Blank Music College de Los Angeles e Lucas Matos, formado em mixagem e produção musical pela AIMEC em 2015. Ainda assim, o mais agrega a esse time é estar sempre na pista

Para vocês, o que representa ser a linha de frente? 

Falamos muito sobre a linha de frente pois ela representa a nossa consolidação como um time e o nosso lugar dentro da pista. Como já dito em entrevista à LOFT55: “A gente sempre recruta mais gente pra linha de frente, onde tudo acontece. Não é muito difícil entender: vai em um evento eletrônico e me diz quem tá na frente, lá na caixa de som, do lado do DJ: alguém do 1601. É certo! A gente tá sempre agregando mais, não restringindo. Quem quiser fazer parte do time é bem vindo, esse é o nosso espírito — unir gente através de uma experiência sonora e colocar todo mundo pra curtir junto.”

Além disso, a linha de frente representa ser um convite às pessoas para estarem mais próximas do DJ e de seu som e entenderem o que ali se passa, como aquilo se constrói e como as relações se dão dentro da pista. Estar na linha de frente é ocupar um lugar de prestígio, pois é onde o grave bate mais forte.

Na vida dos participantes o que mudou depois de consolidarem a label?

De forma geral, podemos dizer que a música está presente em nossas vidas mais do que nunca. Muito presente também em nosso pensamento, pois tudo que fazemos tem alguma relação com o 1601 ou com a cena eletrônica, estamos direcionando nossos esforços a crescer como um movimento e para isso precisamos estar focados no som. Além claro de toda experiência da gestão de uma marca e seus aspectos técnicos, as parcerias, o relacionamento, a experiência da produção de eventos e todo conjunto de obrigações que isso trás. Sem dúvida também foi uma mudança que veio a agregar na experiência profissional de cada um.

Mas mais do que isso, com certeza o 1601 foi um divisor de águas na vida de todo o grupo, não só pelo ganho de experiências, mas também pelo forte vínculo e o relacionamento com uma comunidade que antes do projeto era relativamente desconhecida: a comunidade da cena eletrônica underground. As novas pessoas e as novas amizades que fizemos com a consolidação do 1601 só vieram a somar dentro de nossas vidas e na vida do próprio projeto, agora somos um time.


De formarem a linha de frente a assinarem uma edição do terraço com um line de peso, qual o sentimento do grupo sobre isso?

Com certeza é um sentimento muito bom, pode ter absoluta certeza. 

Primeiramente por poder realizar uma de nossas edições em um dos lugares que nosso grupo mais se identifica. Fazer aquilo que a gente gosta onde já passamos muita coisa juntos. Como dizemos: “o terraço é um lugar de experiências verdadeiras.” Em segundo lugar, felizes também por poder dar voz a um projeto tão impactante nos últimos tempos da cena eletrônica regional que é justamente a produção de som da BlancaH. Viemos ultimamente trabalhando numa perspectiva de som mais feminino, que vai impactar nossos projetos daqui em diante. Poder valorizar o trabalho da mulher na cena eletrônica já é um grande avanço para nós que somos um projeto em constante crescimento.

Como veem a cena eletrônica e como se colocam nela?

Para nós, a cena eletrônica é uma comunidade de pessoas que, através de suas movimentações, contribuem para que os projetos e ideias tomem forma e continuem a agregar de forma positiva naquilo que estamos presenciando hoje que é certamente uma virada cultural em Porto Alegre. É quase uma família. Acho que adentramos essa comunidade no momento certo, rodeado de pessoas que estão com boa intenções e querem ver a cena florescer neste ano. Isso com certeza nos contagia e nos dá motivação para seguir com o 1601 de forma intensa, sempre prospectando mais e planejando mais.

Assim como quando começamos a frequentar nossos primeiros eventos, somos entusiastas. Estamos aqui para ver e fazer o negócio crescer, através das boas intenções que falamos. Em breve, esperamos poder ser parte constituinte da cena não somente pela produção de eventos, mas pela produção musical - a galera do 1601 que toca, e hoje residem o projeto, está cada vez mais focada na música e em breve chegaremos lá! 

    

Quais as perspectivas para o futuro?

Muitas! 

E a cada dia surgem novas perspectivas, novas ideias de projeto e parcerias. O atual momento da cena eletrônica gaúcha pede por iniciativas que incitem a união e a colaboratividade entre os projetos já existentes e até quem sabe os novos entrantes - justamente por isso estamos nos unindo com o 14º melhor clube de música eletrônica do Brasil! Dentre várias ideias, como promover o 1601 showcase em diferentes localidades do estado, realizar alguns projetos voltados para o público feminino e a ideia de construir o 1601 como um movimento que englobe atividades culturais, como fotografia, arte e design também é muito presente. Queremos poder ter o prazer de trazer uma atração que é referência na cena eletrônica mundial para sermos catalisadores desse processo de virada cultural que estamos enfrentando em 2016. A cena cresce na capital, a música eletrônica se torna uma tendência cultural e nosso plano é acompanhar esse crescimento, ao lado daqueles que também querem crescer de forma honesta, pensando no público e naquilo que o resultado das ações podem impactar.


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